A
obra deste pintor galego está, a meu ver, envolta numa espiral de vivências
artísticas. Dito por outras palavras, a sua obra evolui em torno de uma forte
coerência sem se afastar em direcções indefinidas, mas antes assumidas como uma
assinatura sem alterações, independentemente das diferentes emoções vividas em
cada partilha com os seus incontáveis interlocutores.
Afirma-se
autodidacta e só por si, é quanto basta para melhor percebermos o quão coerente
tem sido no constante estudo das técnicas, como e para mim principalmente,
daquilo que um artista plástico sempre vê para além do que outros olhares
possam contemplar. E arte será sempre um modo de realizar, não tanto uma
maneira de pensar. Contudo, uma obra é também ela um projecto que todavia, não
depende apenas da sua execução, mas é neste detalhe que se revela o artista.
É
nesta sua acção que Pedro Bueno Salto nos confirma ser coerente na sua evolução
de uma sensibilidade cultivada, ora nos rostos do mundo rural, ora nas suas
máscaras venezianas que nos fixam serenamente, ou ainda nas alegorias de um
mesmo mundo onde a figura feminina, sensual e aparentemente indiferente ao
olhar do pintor, é-nos mostrada por inteiro, envolta numa bem combinada
harmonia cromática. Versátil, o artista não é indiferente aos lugares onde
também nós somos xente . E sua Galicia, a “nossa” Galiza, constitui também uma
faceta na sua criação artística, cujos cantos e recantos reencontramos nesse
seu tão interessante modo de os reinventar. “Gracinhas” Pedro Bueno Salto.
Álvaro
Nazareth - 2009
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